STOLI, YOU STOLE MY HEART
TIAGO ALEXANDREINAUGURAÇÃO 22 NOVEMBRO 2013 22H00
DIG DIG – Exposições Underground de Lisboa
To dig (escavar): Ato ou efeito de escavar; o trabalho de remoção ou de desobstrução de terras para alterar um terreno; estudo, investigação, pesquisa.
DIG DIG não é uma instituição, um espaço comercial, uma organização ou uma plataforma, é antes um ponto de vista contra picado, uma perspetiva independente, uma ideia subterrânea que vem agora à superfície.
DIG DIG é um espaço de reflexão, de questionamento e de crítica necessário num período em que cada vez mais ideias são enterradas devido à incerteza provocada por uma sociedade visivelmente afetada pela sombra da crise, pela precariedade e pela falta de condições para estruturar, perspetivar e desenterrar vontades.
No meio da penumbra, é fundamental encontrar luz ao fundo do túnel. Para isso, é preciso escavar: DIG DIG pretende refletir acerca do passado, presente e futuro da nossa sociedade e da nossa cultura em projetos que serão desenterrados, abertos e descobertos pelo público em apresentações de uma noite.
Com curadoria de Patrícia Trindade e a produção de João Chaves da Balaclava Noir, DIG DIG abre a sua porta ao público pela primeira vez com “Stoli, you stole my heart” de Tiago Alexandre. Um projeto que nasce da dificuldade de lidar com a inércia e que, de repente se vê cruzado com questões sociais e políticas prementes.
“Since de dawn of the 20th Century, I have witnessed the great moments of humanity, I have bound men together in oaths of
allegiance and honoured their triumphs. I have toasted old friends and celebrated new love. I have crossed the world and journeyed
to the stars.” São estas as palavras usadas pela marca de vodka Stolichnaya para se apresentar aos consumidores. Uma marca
secular, mas contemporânea, branché e adepta da tolerância e da diversidade. Uma marca original bebida por pessoas originais.
Depois da movimentação global a favor da libertação das três Pussy Riot condenadas em agosto de 2012, o governo russo volta a
chocar o mundo civilizado aprovando a lei que proíbe “propaganda a relações sexuais não tradicionais”, legalizando a xenofobia e
a homofobia. Iniciou-se um movimento para boicotar todo o vodka russo nos EUA. Foi assim que a chamada Stoli deixou de ser
vendida em bares gay. A partir daqui, a marca iniciou uma agressiva campanha anti-Rússia, mudando o seu rótulo de “Russian
Vodka” para “Premium Vodka”, patrocinando eventos gay nos EUA e criando no seu site um espaço inteiramente dedicado a esta
questão, onde se pode, entre muitas questões, ler: “Porque é que a Stolichnaya se distancia da Rússia depois de se ter vendido
como um vodka russo? Ainda que tenhamos orgulho da nossa herança russa, não somos uma marca do Estado Russo nem
apoiamos as suas leis e ações contra a comunidade LGBT no país. Nos passados quatro anos temos feito campanhas voltadas
para a originalidade e diversidade das pessoas e no respeito pela diferença e pelo que as diferentes pessoas fazem para se divertir
e desfrutar das suas vidas e na entrega de um produto consistente da mais alta qualidade no mercado.”
(ver stoliforequality.com)
No entanto, há quem questione toda esta intervenção de marketing. Porque é que o site está só está disponível em inglês? Será só para americano ver? Porque é que em entrevistas dadas antes de agosto 2013 os responsáveis pela marca a definem claramente como sendo de origem russa e agora afirmam inequivocamente ser letã? Estas e outras questões são levantadas na apresentação de “Stoli, you stole my heart” de Tiago Alexandre nas exposições underground de Lisboa, de DIG DIG, no dia 22 de novembro, às 22h00.
You dig?
Patrícia Trindade
